Caminho de Navegação

Notícia

Sesc recebe mostra de cinema underground a partir de segunda-feira

' A Mostra Brasil Marginal chega ao Sesc-DF na próxima semana com apresentações de filmes que se destacaram no contexto da produção cinematográfica brasileira, o chamado Cinema Marginal ou Udigrudi – um...'

Publicado em 19/09/2019 00h00 Atualizado em 19/09/2019 00h00

À meia noite levarei sua alma (reprodução)

A Mostra Brasil Marginal chega ao Sesc-DF na próxima semana com apresentações de filmes que se destacaram no contexto da produção cinematográfica brasileira, o chamado Cinema Marginal ou Udigrudi – um neologismo brasileiro para o termo “underground”. A mostra acontecerá no período de 23 a 26 de setembro, na unidade do Sesc no Setor Comercial Sul, e entre os dias 3 e 6 e de outubro, na unidade do Gama. A entrada é franca. Serão exibidos oito filmes e uma seleção de curtas-metragens que abordam aspectos paradigmáticos da realidade brasileira contemporânea, mesclando em suas narrativas temas de cultura popular e da urbanidade.

De acordo com a coordenadora de cultura do Sesc-DF, Andrea Campos, a mostra é uma oportunidade de ver e rever filmes fundamentais para entender um momento em que o cinema brasileiro buscava sua identidade cultural e estética. “Grandes nomes da história do cinema brasileiro surgiram com o Cinema Marginal, como Helena Ignez, Júlio Bressane, Ozualdo Candeias e o grande José Mojica Marins (Zé do Caixão). É muito importante que tenhamos claro o caráter transformador e revolucionário desse movimento”, afirma a coordenadora.

A mostra é fruto de uma parceria do Sesc Nacional com a Sociedade Amigos da Cinemateca, Cinemateca Brasileira e a Programadora Brasil.

Serviço:

-Mostra Brasil Marginal no Sesc do Setor Comercial Sul

Datas: 23 a 26 de setembro

Horário: sempre às 19h

Entrada: gratuita

-Mostra Brasil Marginal no Sesc Gama

Datas: 3 a 6 de outubro

Horário: Sessões às 19h e às 20h

Entrada: gratuita

(Texto de Luciane Zorzin)

Confira a programação:

 

Sesc Presidente Dutra – Teatro Silvio Barbato
Data Horário Classificação Título
23/set 19h 16 anos Soberano Kiko Molica e Ana Paula Orlandi
15 min., 2005
Reminiscências resgatam a trajetória do Soberano, símbolo da intensa e espontânea produção cinematográfica da Boca do Lixo.
Bandido da Luz Vermelha Rogério Sganzerla
1968 – 92 min.
Inspirado em um caso verídico que se tornou fenômeno de imprensa. Trata dos vários assaltos cometidos por João Acácio Pereira da Costa, conhecido como Bandido da Luz Verneha, cuja prisão é feita em agosto de 1967. Na multiplicidade de linguagens, gêneros e citações, o filme compõe a colagem que define sua inserção no momento tropicalista de 1968, combinando referências literárias, como Oswald de Andrade e Nelson Rodrigues, com o imaginário da crônica policial do rádio e variados lances da comédia musical.
24/set 19h 16 anos Candeias: da boca para fora Celso Gonçalves
17 min., 2013
Documentário sobre a obra e a estética de Ozualdo Candeias, um dos cineastas mais inventivos do Brasil, realizador do reverenciado “A margem”. O filme conta com divertidos e controversos depoimentos de José Mojica Marins, Carlão Reichenbach, Jairo Ferreira e Inácio Araújo, entre outros.
A Margem Ozualdo Candeias
1967 – 96 min.
Na favela às margens do rio Tietê, duas trágicas histórias de amor. Dois casais que a sociedade ignora e que, em meio à miséria e a luta pela sobrevivência, tentam encontrar-se através do sentimento. Os personagens evoluem entre a vida da favela, com seus pequenos golpes pela sobrevivência, e a existência no submundo paulista, que deteriora qualquer tentativa de ligação amorosa. Sem esperanças, os personagens sintetizam a visão trágica de sua realidade social (fonte: Banco de Dados Cinemateca Brasileira).
25/set 19h 18 anos Boca aberta Rubem Xavie
20 min., 1985
Documentário sobre alguns dos principais protagonistas da cinematografia ligada à Boca do Lixo, como Odi Fraga, realizador que dirigiu inúmeros longas, muitos deles sobre a temática do sexo explicíto, Ozualdo Candeias, com uma filmografia mais autoral, e Toni Vieira, que dirigiu mais de 20 filmes. A rotina de atores e produtores ligados a este polo de produção de filmes de apelo mais popular e que foram responsáveis pela produção das comédias eróticas das décadas de 1960 e 70.
A super-fêmea Anibal Massaini
100 min., 1973
Um clássico da comédia da chamada porno-chanchada, que parodiava temas e estilos da cultura popular e do cinema americano. Nesta filme Vera Fischer protagoniza a super-fêmea, uma garota-propaganda que ira vender a pílula do homem.
26/set 19h 16 anos Essa noite encarnarei no teu cadáver José Mojica Marins
107 min, 1967
Após  sobreviver a um ataque sobrenatural, Zé do Caixão continua na busca obsessiva pela mulher ideal, capaz de gerar o filho perfeito. Com a ajuda do fiel criado Bruno, ele rapta seis  belas moças, submetendo-as às mais terríveis torturas. Só a mais corajosa sobreviverá ao teste e poderá ser a mãe de seu filho. Mas Zé comete um crime imperdoável ao assassinar uma moça grávida. Atormentado pela culpa de ter matado uma mulher inocente, ele sofre um pesadelo no qual é levado para um inferno gelado, onde reencontra suas vítimas.

 

 

Sesc Gama – Cinema Sobre Rodas
Data Horário Classificação Título
03/out 20h 18 anos À meia noite levarei sua alma José Mojica Marins
81 min, 1964
O cruel e sádico coveiro Zé do Caixão —temido e odiado pelos moradores de uma cidadezinha do interior— é obcecado em gerar o filho perfeito, que possa dar-lhe a continuidade de seu sangue. Sua esposa não pode engravidar e ele acredita que a namorada de seu amigo seja a mulher ideal. Após ser violentada por Zé, a moça jura cometer suicídio para retornar dos mortos e levar a alma daquele que a desgraçou.
04/out 20h 14 anos Tudo é Brasil Rogério Sganzerla
1998 – 82 min.
Documentário experimental sobre o período em que o cineasta Orson Welles (1915-1985) esteve no Brasil, em 1942, para a realização de It’s All True, projeto boicotado pelos estúdios de Hollywood. O filme mostra imagens de Welles no Rio de Janeiro, em Salvador e Fortaleza, sobrepostas por gravações em áudio de alguns depoimentos radiofônicos do diretor norte- americano e de composições interpretadas por artistas como Carmem Miranda e Herivelto Martins. Sganzerla segue sua trajetória de cineasta ensaísta iniciada no período do cinema marginal
05/out 19h 16 anos Bang Bang Andrea Tonacci
1971 – 80 min.
Com sua postura francamente experimental, discute fetiches da vida contemporânea – o automóvel, a verticalização da cidade, a competência dos heróis. Neste caso, um anti-herói, que mais parece uma miscelânea de velhos tipos da indústria cinematográfica, dando tiros a esmo, num exercício de vaidade, mau gosto e diálogos sem sentido acerca de uma maleta cujo conteúdo é desconhecido e, em verdade, sem importância.
O galante rei da Boca Alessandro Gamo e Luis Rocha Melo
50 min., 2004
Com depoimentos do prórpio Galante, trechos de seus filmes, imagens de São Paulo e da Boca do Lixo de ontem e de hoje e entrevistas inéditas com nomes como Carlos Reichenbach, Jairo Ferreira, Rogério Sganzerla, Inácio Araújo, Severino Dadá, Miro Reis, Sylvio Renoldi, Pio Zamuner, Antônio Meliande, Cláudio Portioli, Sebastião de Souza e João Silvério Trevisan (técnicos, diretores e críticos que fizeram a história do cinema brasileiro), O Galante Rei da Boca é um documentário que, com humor e a simpatia peculiares de seu personagem central, reflete e informa sobre o fazer cinema no Brasil.
06/out 19h 16 anos Meteorango Kid – O Herói Intergalático André Luiz de Oliveira
1969 – 95 min.
Afastando-se do Cinema Novo, o filme é um dos mais emblemáticos representantes do Cinema Marginal, feito no Brasil a partir de 1969. Na esteira da Tropicália e de O Bandido da Luz Vermelha [Rogério Sganzerla (1946-2004)] (1968), do qual toma emprestada a “filosofia” da esculhambação, o filme se confunde à definição mesma de Cinema Marginal: agressivo, irreverente, anárquico, polêmico, descrente das causas políticas – uma explosão de imagens e sons nem sempre sincrônicos.